Tornozelo & pé
MOVIMENTOS DO TORNOZELO E PÉ
Os movimentos ocorrem em torno dos EIXOS (linhas imaginárias que atravessam os planos anatômicos perpendicularmente para proporcionar movimentos).
Flexão dorsal (dorsiflexão) – movimento de flexão do tornozelo em direção à tíbia de até cerca de 45°, com o pé apontando para cima; por convenção ângulo (+). Promovida pelos músculos do compartimento anterior da perna (tibial anterior e extensores longos do hálux e dos dedos).
Flexão plantar – movimento de flexão do tornozelo em direção ao chão de até cerca de 60°, com o pé apontando para baixo; por convenção ângulo (-). Promovida pelos músculos do compartimento posterior da perna (gastrocnêmio, sóleo, plantar e tibial posterior).
Os movimentos de dorsiflexão e flexão plantar ocorrem no plano sagital em torno do eixo laterolateral (eixo x).
Inversão – movimento do tarso em que a face plantar vira em direção à linha média; a face lateral do pé fica em contato com o chão. Promovida pelos músculos tibiais anterior e posterior.
Eversão – movimento do tarso em que a face plantar vira para fora da linha média; a face medial do pé fica em contato com o chão. Promovida pelos músculos fibulares.
Os movimentos de inversão e eversão ocorrem no plano coronal em torno do eixo anteroposterior (eixo z).
Abdução – movimento da porção distal dos pés para fora da linha média (rotação lateral do pé). Promovida pelos músculos abdutores do hálux e dedo mínimo e interósseo dorsal.
Adução – movimento da porção distal dos pés em direção à linha média (rotação medial do pé). Promovida pelos músculos adutores do hálux e dedo mínimo e interósseo plantar.
Os movimentos de abdução e adução ocorrem no plano transverso em torno do eixo craniocaudal (eixo y).
Supinação e pronação são movimentos combinados que ocorrem em torno dos 4 eixos (x, y e z):
Supinação – flexão plantar + inversão + adução. É o movimento que ocorre no início da marcha (fase propulsiva). O calcâneo tem orientação em varo e a face lateral do pé recebe a maior carga.
Pronação – dorsiflexão + eversão + abdução. O calcâneo tem orientação em valgo e a face medial do pé recebe a maior carga. É o movimento que ocorre no meio / aterrisagem da marcha, quando a face medial do pé toca o chão.
Ângulo entre o eixo longo do tálus (T) e o eixo longo do 1º metatarso (M1).
Normal: 0° (linhas paralelas).
Anormal:
> 4° convexidade para cima - pé cavo
< 4° convexidade para baixo - pé plano
-
Leve < 15°
-
Moderada: 15 a 30°
-
Grave > 30°
Ângulo de Meary (tarso - 1º metatarso)
Arco longitudinal medial - formado pelo calcâneo, tálus, navicular, cuneiformes, 1º, 2º e 3º metatarsos. É o mais alto e flexível, o que permite variações dinâmicas na sua forma e configuração durante a marcha.
Arco longitudinal lateral - (formado pelo calcâneo, cuboide, 4º e 5º metatarsos). É rígido e proporciona suporte ao peso do corpo.
Arco transverso - arco no plano coronal, perpendicular aos arcos longitudinais. O principal seria no nível da base dos metatarsos e porção distal cuneiformes e cuboide, talonavicular funcionando como a pedra angular desse complexo triplo de arcos, mas diversos autores consideram a existência do arco plantar no nível da cabeça dos metatarsos (mais anterior) e também no nível dos cuneiformes.
Ângulo entre a linha que passa pela superfície plantar (inferior) do calcâneo (I) e o eixo longo do 5º metatarso (M5).
Normal: 150-165°
Anormal: > 170°
Ângulo calcâneo - 5º metatarso
ARCOS DO PÉ
Ângulo talocalcaneal (Kite)
Alinhamento tálus - 1º metatarso
Ângulo de cobertura talonavicular
Ângulo entre a linha que passa pelo centro da cabeça e colo do tálus (T) e a linha paralela à face lateral do calcâneo (L).
Normal: 25 a 40°
Anormal:
> 40° retropé (calcâneo) valgo
< 25° retropé (calcâneo) varo
Ângulo entre a linha que passa pelo eixo longo do tálus passa junto à margem lateral da diáfise do 1º metatarso.
Normal: quando passa medial à diáfise do 1º metatarso
Ângulo entre a superfície articular proximal do navicular e a superfície articular da cabeça do tálus.
Normal: 0° (paralelo)
Anormal: > 7°
DEFORMIDADES DOS DEDOS
MEDIDAS DO CALCÂNEO
Ângulo formado pelas linhas que passam pelo eixo longitudinal do 1º metatarso (linha M) e do cuneiforme medial (linha C).
Normal: < 10°
Reflete o desvio em varo do 1º metatarso.
Útil nos casos de metatarsus aductus, situação mais comumente associada ao hálux valgo juvenil, em que há desvio em varo dos metatarsos centrais e uma causa proposta é a obliquidade da faceta articular do cuneiforme medial levando a desvio medial do 1º metatarso para preservação da sua anatomia e deformidade da metáfise proximal dos demais metatarsos.
Ângulo metatarsocuneiforme
Através de duas linhas paralelas, uma ao longo dos aspectos mais proeminentes da superfície plantar da tuberosidade calcânea (linha I) e a outra através do ponto mais posterior da faceta posterior da articulação subtalar (linha S).
É considerado anormal (positivo), caracterizando a deformidade de Haglund, quando a projeção bursal da tuberosidade calcânea ultrapassa a linha S (seta azul).
"Parallel pitch line" (linha de Heneghan–Pavlov)
Formado pela interseção da linha que tangencia a margem posterossuperior da projeção bursal do calcâneo (linha P) e a linha que tangencia a margem inferior do corpo do calcâneo (linha I).
Normal: 45 a 70°.
Anormal quando > 75°.
Ângulo de Fowler e Philip
Ângulo formado pela interseção do eixo longo da tíbia (linha T) e uma linha que tangencia a córtex medial do calcâneo (linha M) posteriormente ao sustentáculo do tálus.
Normal: 0 a 6°.
Quando aumentado significa desvio em valgo do calcâneo.
Ângulo calcâneo-tibial
Representado pela diferença entre o ângulo α , o ângulo de inclinação / verticalização do calcâneo (calcaneal pitch angle) formado pela interseção da linha que tangencia a margem inferior do corpo do calcâneo (linha I), passando pelo tubérculo anterior e a tuberosidade medial, e a linha de base da superfície horizontal (linha H), e o ângulo β, o ângulo morfológico do calcâneo, formado entre uma linha vertical tangenciando a margem mais posterior da tuberosidade calcânea (linha V) e uma linha unindo esse ponto mais posterior até o ápice da tuberosidade posterossuperior do calcâneo(linha T).
Normal: diferença entre o ângulo α e o ângulo β
(α – β ) < 12°.
Ângulo de Chauveaux–Liet
MEDIDAS DA BURSA RETROCALCÂNEA
MEDIDAS DO TENDÃO CALCÂNEO
Formado pela interseção da linha que tangencia a margem inferior do corpo do calcâneo (linha I), passando pelo tubérculo anterior e a tuberosidade medial, e a linha de base da superfície horizontal (linha H).
Normal: 20 a 30°.
Pé plano < 18°.
Ângulo de inclinação / verticalização do calcâneo (calcaneal pitch angle)
Notas & Medidas
HÁLUX VALGO
Ângulo formado pelos maiores eixos do 1º metatarso (linha M) e da falange proximal do hálux (linha Fp), passando pelo centro das respectivas cabeças e bases ou pelo centro de cada diáfises.
Normal: < 15°
Quando aumentado indica que há desvio medial da cabeça do 1º metatarso.
Leve: entre 15 e 20°
Moderado: entre 20 e 40°
Acentuado: > 40°
Ângulo da 1ª articulação metatarsofalangiana ou do hálux valgo
Ângulo formado pelos maiores eixos do 1º (linha I) e do 2º (linha II) metatarsos.
Normal: < 9°
Se correlaciona com a gravidade do hálux valgo:
Leve: entre 9 e 11°
Moderada: entre 12 e 17°
Acentuada: > 18°
O pé em pronação pode aumentar o ângulo intermetatarsal em cerca de 3°.
Deve-se ter atenção ao eixo do 2º metatarso, porque caso ele também apresente desvio em varo o ângulo intermetatarsal pode ser normal, apesar do desvio do 1º metatarso, situação que ocorre mais frequentemente na criança
Ângulo intermetatarsiano ou 1º ângulo intermetatarsal
Ângulo que avalia a relação entre o eixo longitudinal e a superfície articular distal do 1º metatarso e, portanto, a cobertura da 1ª articulação metatarsofalangiana ou sua congruência.
É formado entre uma linha que une os pontos mais extremos medial e lateral da superfície articular da cabeça do 1º metatarso (linha C) e uma linha perpendicular (linha P) ao eixo da sua diáfise (linha tracejada vermelha) obtida a partir do centro geométrico da cabeça e o ponto médio da metáfise proximal.
Normal: < 10° (alguns autores brasileiros consideram normal < 8°).
Esse ângulo costuma ser utilizado no planejamento cirúrgico, mas é uma medida difícil com grande variabilidade inter e intraobservador.
Ângulo articular distal do 1º metatarso
Ângulo que avalia a relação entre o eixo longitudinal e a superfície articular proximal da falange proximal do hálux.
É formado entre uma linha que une os pontos mais extremos medial e lateral da superfície articular da base da falange proximal do hálux (linha A) e uma linha perpendicular ao eixo da sua diáfise (linha P) obtida a partir dos pontos médios das metáfises proximal e distal da falange proximal.
Normal: < 8°.
Ângulo articular proximal da falange proximal do hálux
Ângulo que avalia a relação entre o eixo longitudinal e a superfície articular proximal da falange proximal do hálux.
É formado entre uma linha que une os pontos mais extremos medial e lateral da superfície articular distal da falange proximal do hálux (linha A) e uma linha perpendicular ao eixo da sua diáfise (linha P) obtida a partir dos pontos médios das metáfises proximal e distal da falange proximal.
Normal: < 10°.
Ângulo articular distal da falange proximal do hálux
Ângulo utilizado para planejamento cirúrgico (necessidade de realizar osteotomia combinada quando > 8°).
É formado entre as linhas que tangenciam as margens articulares proximal (linha P) e distal (linha D) da falange proximal do hálux.
Normal: < 8°.
Ângulo articular falangiano proximal - distal da falange proximal do hálux
Ângulo formado pelas linhas que passam pelo eixo longitudinal do 2º metatarso (linha M) e do cuneiforme intermédio (linha I).
Normal: < 25°
Reflete o desvio em varo do 2º metatarso.
Útil nos casos de metatarsus aductus, situação mais comumente associada ao hálux valgo juvenil, em que há desvio em varo dos metatarsos centrais.
Ângulo de Engel