A definição geral de geração é “o conjunto de pessoas que nasceram e viveram e em um determinado período de tempo”, geralmente entre 20 e 30 anos, tempo em que costumam ocorrer as relações parentais. Por isso, até pouco tempo atrás o conceito de geração era basicamente associado às gerações familiares: a dos bisavós, avós, pais e filhos. Mas o termo geração também é utilizado como um tempo de corte para análises demográficas, de marketing e nas ciências sociais, já que as características de cada geração influenciam seu consumo e comportamento social.
Com o surgimento da internet o espaço entre as gerações diminuíram e as diferenças aumentaram, o que pode ser fonte de tensão nas relações familiares, sociais no ambiente de trabalho. Os estudiosos passaram a nomear e analisa as gerações de acordo com fatos históricos que influenciam seu comportamento, como guerras, industrialização, tecnologia, urbanização, tempo da primeira gravidez, cada uma com pontos positivos e negativos.
Quais seriam esses pontos e como eles se relacionam com o ambiente radiológico? Entender as diferenças é o primeiro passo para a criação de relações mais saudáveis e de ajustar nosso comportamento frente às mudanças, exercitando a empatia:
As gerações que vivenciaram as grandes guerras, também conhecidas como “gerações dos veteranos” (1901 a 1945)
O termo “geração perdida” (“lost generation”) foi usado pela escritora Gertrude Stein (1874–1946) para descrever as pessoas que lutaram na I Guerra Mundial, nascidas antes de 1900, enquanto o termo “Greatest Generation” (geração GI) inclui os veteranos da II Guerra Mundial, nascidos entre 1901 e 1927. A “geração silenciosa”, conhecida também como a dos poucos sortudos (“silent generation” / “lucky few”), já inclui os nascidos entre 1928 e 1945. Eram pessoas que respeitavam fielmente a regras e valores morais, família e trabalho, que geralmente tinham posições hierárquica rígidas e costumavam permanecer fiéis a uma mesma organização. Foi uma geração que sofreu muitas privações devido ao momento histórico de escassez.
A partir daí surgiram as gerações que atualmente convivem no ambiente de trabalho e , por isso, são as mais conhecidas no ocidente:
“Baby boomers” (“boomers”) – nascidos entre 1946 e 1964
São os que viveram o pós-guerra e ganharam esse nome em referência ao grande crescimento populacional na época. Iniciaram o rompimento com determinados valores tradicionais, dando início a diversos movimentos ligados aos direitos civis, feminismo e combate ao racismo e aceitação do homossexualismo, mas também buscavam estabilidade financeira e valorizavam o crescimento acadêmico que muitos dos seus pais não tiveram acesso pelo contexto histórico da época. O discurso típico dos “boomers” inclui expressões como “meus filhos vão fazer faculdade e estudar inglês e viajar ao exterior, mesmo que eu tenha que me sacrificar”, “meus filhos vão ter o que eu não tive”, “é importante ter segurança” e valorizavam ter patrimônio, como imóveis, e empregos públicos com estabilidade e trabalhar a vida inteira em determinada instituição era motivo de orgulho.
Têm como pontos fortes a experiência e conhecimento e como ponto fraco dificuldade de adaptação às novas tecnologias.
Geração “X” – nascidos entre 1965 e 1980
A geração que viu seus pais “se sacrificando” para que eles “tivessem tudo” foi a primeira a pensar que “o trabalho não é tudo” – de que adianta patrimônio e estabilidade se não podemos aproveitar a vida? É a geração que deu continuidade aos movimentos sociais contra discriminações, criando leis de proteção às minorias, com maior busca pelas liberdades individuais e pacifismo, como ocorreu no movimento hyppie, pregando o reencontro com a natureza e abordagem mais holística, mas ao mesmo tempo em que passou a viajar pelo mundo e consumir mais produtos tidos como “supérfluos” pelas gerações anteriores. E, como para fazer tudo isso é preciso dinheiro, essa geração também aprecia a estabilidade financeira e acham importante serem profissionais comprometidos e em busca de melhores salários. É a geração que intensificou o empreendedorismo e quando despontaram as pessoas denominadas “carreiristas”, muitas vezes obcecadas com a ascensão na carreira. O termo “Yuppie” surgiu justamente no final da década de 80 e início da década de 90 como um termo pejorativo para descrever o jovem profissional urbano, mais tradicional e materialista, que valoriza riqueza e status, criando ambientes competitivos no trabalho.
Têm como pontos fortes a experiência e conhecimento, mas com maior capacidade de adaptação às novas tecnologias, sendo uma geração que conviveu com a analógico e o início do digital, sendo importantes para implementar mudanças organizacionais de forma harmônica. Como ponto fraco a dificuldade em lidar de forma efetiva com as novas gerações que cresceram em meio a privilégios inexistentes na sua época, principalmente no início da carreira.
Geração “Y” ou “Millenials” – nascidos entre 1981 e 1996/2000
É a geração marcada pela revolução tecnológica. São mais informais e globalizados e romperam com paradigmas das gerações anteriores: a hierarquia não é mais tão rígida e, pela primeira vez, pessoas bem jovens se encontraram em posições hierárquica superiores ao de pessoas antigas nas empresas, o que levou a tensão com os indivíduos da geração “X” e os “boomers”, que passaram a se sentir ameaçados pela nova geração, situação que não era frequente no passado. Além disso, a mentalidade da geração “Y” é a de que “a organização precisa se adaptar ao indivíduo, e não o contrário”, como pensavam as gerações anteriores. Essa também é uma fonte constante de tensão, porque enquanto a geração “X” aguentava muita coisa, pois precisava “se adaptar ao trabalho”, achando que com a progressão da carreira iria precisar “aguentar menos”, se deparou com a chegada de uma nova geração que acha que “não tem que aguentar nada”. Tanto que frases comuns hoje em dia são “mal chegou já quer sentar na janela”, “mal se formou e já ‘se acha’ o tal”, etc.
Têm como pontos fortes a familiaridade com a tecnologia e criatividade, contribuindo para as inovações. Seus pontos fracos podem ter sido precipitados pelo excesso de trabalho da geração “X”, que gerou um fenômeno de culpa dos pais “X” que tentavam compensar a ausência fazendo as vontades dos filhos “Y”, que não passaram pelas mesmas dificuldades das gerações anteriores, o que pode ser fonte de dissociação de expectativas: são comuns indivíduos imaturos demais para perceber que certas dificuldades fazem parte da vida, tendo dificuldades em enfrentar frustrações decorrentes de expectativas irreais e de levar em conta as necessidades dos outros indivíduos envolvidos e das instituições, focando apenas nas suas necessidades e desejos.
Existem também descrições que fazem uma mistura de dois tipos para caracterizar as pessoas que sofrem influência de duas gerações:
“Geração MTV” – pessoas que foram adultos jovens nos anos 80 e 90.
“Xennials” – nascidos no final dos anos 70 e início dos anos 80 (transição das gerações X e Millenials).
“Zillennials” ou “geração Snapchat” – nascidos no final dos anos 90 e início dos anos 2000 (transição das gerações Y/Millenials e Z).
Greração “Z” ou “Zoomers” – nascidos entre 1997 e 2012
Contribuem em áreas como desenvolvimento de aplicativos, análise de dados, mídias sociais e marketing digital. Sua habilidade natural com a tecnologia, pensamento inovador e capacidade de adaptação rápida podem ser úteis em projetos relacionados à inovação e tecnologia, seus principais pontos fortes. Como ponto fraco a inexperiência e inquietação, com necessidade de estar em constante mudança, sempre buscando novos desafios.
Geração alfa – nascidos entre 2013 até o meio do anos 2020
É a única geração em que todos nasceram no século XXI. É a geração que ainda não está no mercado de trabalho, mas em pouco tempo ocuparão esse espaço. São pessoas que não têm receio em perguntar, apertar botões e descobrir como as coisas funcionam, mas ao mesmo tempo são crianças e jovens que dada a grande quantidade de informações disponíveis atualmente têm dificuldade de concentração. Por isso, um dos grandes desafios em relação a essa geração diz respeito ao aprendizado: essa geração já nasceu familiarizada com aplicativos e consumo rápido de informação, ficando sem paciência para ler e assistir aulas mais demoradas ou tradicionais que não prendem sua atenção. E isso se reflete na capacitação profissional deficiente de difícil abordagem já que os métodos tradicionais não parecem funcionar mais tão bem, mas não foram criados ainda outros que se mostraram realmente bons – muitos sendo apenas paliativos para agradar essa geração, mas sem efetividade comprovada.
Herança é aquilo que você deixará somente aos seus.
Legado é o que você deixará as gerações das quais eles farão parte.
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