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Certeza


Bertrand Russel (1872-1970), influente matemático, filósofo e lógico do País de Gales, que organizou junto com Albert Einstein (1879-1955) o movimento Pugwash que luta contra a proliferação de armas nucleares, disse que “Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza”. Entretanto, a certeza, embora desejável, não costuma ser recomendada, já que o próprio Russel também disse que “A experiência não permite nunca atingir a certeza absoluta. Não devemos procurar obter mais que uma probabilidade”.


Quando começamos a analisar um exame temos que conciliar a expectativa da certeza do médico solicitante, que espera um relatório conclusivo para que ele tenha confiança ao definir uma conduta, com nosso sentimento da impossibilidade da certeza absoluta, que tende a gerar insegurança e laudos inconclusivos.


Mas, se trocarmos o ideal da certeza absoluta, muitas vezes inatingível, pelas probabilidades, conseguiremos alinhar as expectativas e elevar o padrão de qualidade dos exames e do laudo. E nada melhor do que um fluxograma mental para nos ajudar a reduzir os fatores de incerteza e aumentar as chances de se chegar ao diagnóstico correto:



Muitas vezes, ao não termos certeza absoluta de uma achado optamos imediatamente por um laudo mais "descritivo" (veja a definição correta de "laudo descritivo" no blog https://www.mskrad.com.br/blog/o-verdadeiro-significado-do-laudo-descritivo), porém inconclusivo. Mas, a optarmos por uma solução mais imediatista e conveniente, contribuímos para a queda da qualidade técnica dos exames e deixamos de ser diagnósticos, mesmo em situações em que poderíamos ser.


Diante da falta de certeza devemos, em primeiro lugar, nos perguntar o porque da incerteza para, só então, após excluídas essas causas, optarmos por uma descrição mais genérica:



Em alguns casos a imagem tem limitações e o diagnóstico só é mesmo possível com a realização de outros exames complementares, controle evolutivo, estudo histopatológico, etc. Mas, se formos criteriosos e seguirmos esse passo a passo conseguiremos chegar ao diagnóstico em grande parte dos casos ou, pelo menos, restringir as possibilidades, excluir algumas causas e fornecer informações relevantes para a conduta.


Dessa forma, teremos certeza que a limitação está realmente restrita ao método e não ao radiologista.



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