Uma das principais frustações dos dias atuais é a sensação de não ter tempo. Mas, na verdade, ninguém “tem” tempo, porque o tempo não é uma possessão. A gente faz ou deixa de fazer algo com o tempo disponível, que pode ser bem ou mal aproveitado.
Ficamos frustrados porque enxergamos as coisas da perspectiva errada – se você pensa que não tem tempo, seu objetivo passa a ser tentar conseguir mais tempo, mas o dia tem 24 horas desde a época dos babilônios, que viveram na Mesopotâmia entre 1950 a.C. e 539 a.C e que foram os primeiros a marcar a passagem do tempo ao construírem um relógio de sol, subdividindo o dia em 12 partes, e depois em 24, que são as horas que usamos até hoje. Logo, não tem como arrumarmos mais tempo, o que podemos fazer é administrá-lo melhor.
O foco é tido como um dos pontos mais importantes na gestão do tempo. A dispersão é um dos grandes “ladrões” do tempo, porque ao ficarmos perdidos entre diversas tarefas acabamos não fazendo nenhuma delas adequadamente.
A força também é fundamental, porque sem ela não teremos a disciplina necessária para vencer a procrastinação. É preciso força para acordar cedo, vencer a preguiça e dar conta de todas as tarefas diárias.
Mas, e o tomate?
No final dos anos 80 um italiano chamado Francesco Cirillo procurava uma maneira de aumentar sua produtividade nos estudos durante os primeiros anos de universidade. Até que ele teve a ideia de usar um timer de cozinha, que girava durante 25 minutos e emitia um barulho forte ao final desse prazo, para organizar suas tarefas. E, deu tão certo, que ele resolveu divulgar sua técnica em 1992. Como seu timer tinha o formato de um tomate (pomodoro, em italiano), essa técnica de gestão de tempo ficou conhecida como “técnica pomodoro”. Mesmo tendo sido criada antes da internet e das redes sociais fazerem parte do dia a dia, o princípio básico continua a ser utilizado e foram até criados aplicativos para que ela pudesse ser adaptada para os dias atuais, como Tomato Time, Pomodoro Time, Pomodoro Keeper, Focus Keeper, etc., dispensando o timer de cozinha.
A técnica se baseia na ideia de que dividindo o nosso fluxo de trabalho em blocos de concentração intensa, conseguimos melhorar a agilidade do cérebro e estimular nosso foco. Seus objetivos estão ligados à diminuição da ansiedade e ao aumento do foco e da concentração nas tarefas, evitando tempo desperdiçado e distrações.
Primeiramente, você deve fazer uma lista de tarefas a serem desempenhadas durante o dia e estimar o tempo de duração de cada uma delas. Assim, você consegue não só organizar melhor suas atividades, como estabelecer metas para cada uma delas.
Francesco Cirillo dividiu seu tempo em períodos de 25 minutos (chamados “pomodoros”) e trabalhava ininterruptamente mantendo-se 100% focado em suas tarefas nesses períodos:
Ao final de cada período ele fazia uma pausa rápida de 5 minutos para ir ao banheiro, pegar água ou tomar um café. Ao final de quatro ciclos, ele fazia uma pausa maior (entre 15 e 30 minutos) para descansar.
Essas medidas de tempo são apenas as sugeridas no método clássico. Nada impede que você encontre o seu próprio equilíbrio e defina o tempo de cada tarefa e período de descanso ideal.
Um dos maiores benefícios dessa técnica é que você vai entender melhor:
Quanto tempo você realmente leva para realizar cada tipo de tarefa;
O que te distrai recorrentemente;
Quais são as principais causas de interrupções no seu trabalho.
Isso porque o dano causado por interrupções é real e parece piorar a cada dia. Segundo Gloria Mark, professora da University of California de Irvine e especialista nos efeitos de distrações e interrupções no trabalho – que podem ser externas (um email, telefonema, “pergunta rápida”, pedido de ajuda de um colega) ou próprio indivíduo (que para a todo momento abrir o WhatsApp ou o Instagram), perdendo o ritmo ou a linha de raciocínio - a jornada de trabalho tem mais a ver com minutos seguidos trabalhados do que com horas trabalhadas.
Cada pessoa é diferente e só ela mesma, através de observações e testes, vai adquirindo o autoconhecimento necessário para definir seu próprio ritmo de trabalho ideal e descobrir que tem o tempo necessário.
"O tempo é uma coisa criada.
Dizer 'Eu não tenho tempo', é o mesmo que dizer, 'Eu não quero'."
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