O radiologista tem sido assombrado por três temores que se retroalimentam:
- O medo de cometer erros.
- O medo dos valores individuais dos exames caírem a ponto dele ser obrigado a produzir uma quantidade incompatível com a qualidade do exame (e de vida), aumentando exponencialmente o risco de errar.
- O medo de ser substituído, seja por outros radiologistas, médicos de outras especialidades ou pela inteligência artificial.
Um dos problemas dos temores é o de, em vez de precipitar ações lógicas para resolvê-los, acabar por produzir comportamentos que levam à concretização do que mais queremos evitar, principalmente quando os medos não são tão infundados.
Se listarmos os comportamentos que evitam e os que precipitam nossos temores, você acha que suas ações são mais compatíveis com qual padrão?
Não adianta temermos errar se mantemos comportamentos diários que aumentam nossa chance de deixar passar alterações ou interpretar de forma errada os achados.
O valor monetário de um exame é diretamente proporcional ao valor que o especialista dá a ele no dia a dia: não adianta reclamarmos de baixa remuneração se constantemente estamos reproduzindo discursos de que determinados exames são rápidos, servindo tanto tirar atraso nas agendas quanto para aumentar por serem fáceis, de “baixa complexidade” e que qualquer um pode laudar. Não se aumenta o rendimento real de uma exame desvalorizando outros.
O espaço do radiologista como responsável pelos exames (in loco e/ou à distância), aumentando sua acurácia diagnóstica e reduzindo complementos, como co-responsável pelo aprimoramento técnico dos operadores dos equipamentos e como consultor para os médicos assistentes é insubstituível. Já o papel do radiologista apenas como o médico responsável pelo contraste e intercorrências pode ser feito por qualquer médico com treinamento para lidar com reações alérgicas. O radiologista “baixador de pilha” com laudos pouco diagnósticos, inespecíficos e que não busca contato com os médicos solicitantes pode ser substituído por qualquer profissional à distância ou inteligência artificial, uma vez que é impossível um ser humano competir em velocidade com uma máquina.
E então, suas ações e pensamentos estão contribuindo para qual realidade? A que você almeja ou a que você mais teme?
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