Nos meses anteriores vimos como a aplicação das forças e virtudes nos ajudam a encontrar nossa vocação e como podemos aplicar no dia a dia as virtudes da sabedoria e da coragem. Nesse mês veremos como utilizar a humanidade e a justiça:
A virtude da HUMANIDADE engloba as qualidades interpessoais que ajudam no relacionamento com os outros. A radiologia não é uma especialidade tão solitária quanto parece. E, com o advento da Inteligência Artificial (IA), conforme discutido no primeiro blog do site (http://www.mskrad.com.br/blog/perfil-do-radiologista-e-adaptacao-a-ia), o perfil do radiologista que mais vai se encaixar nessa nova realidade é o que desenvolver a melhor relação interpessoal com os pacientes, médicos assistentes, demais radiologistas e profissionais envolvidos no cuidado com o paciente. As forças que precisamos desenvolver para atingir a humanidade:
Amor – nesse caso no sentido do amor ao próximo, de valorizar os relacionamentos, o cuidado mútuo e a aproximação entre as pessoas.
Bondade – pensar no bem comum e cultivar a generosidade para ajudar o paciente a ter o melhor exame possível e o médico solicitante a chegar ao diagnóstico e ter suas dúvidas respondidas.
Inteligência social - estar ciente dos próprios sentimentos e motivações e ter empatia, reconhecendo que o paciente encaminhado para a realização de um exame complementar está fragilizado pela incerteza do diagnóstico e o médico assistente ansioso e angustiado pela responsabilidade da tomada de decisões. Sempre lembrar que por trás de uma imagem existe uma pessoa.
A virtude da JUSTIÇA engloba as qualidades cívicas que estão por trás de uma vida harmoniosa em comunidade. As virtudes que beneficiam a coletividade incluem:
Cidadania – ter responsabilidade social e trabalhar bem como membro de uma equipe. Isso envolve pensar nas consequências dos nossos atos no grupo e na sociedade. Um que faz menos do que deveria ou trabalha de forma inadequada implica em ter alguém forçado a fazer mais do que deveria e a compensar diariamente as falhas e limitações alheias para manter o equilíbrio. Tudo fica mais fácil quando cada um faz a sua parte.
Igualdade – tratar todas as pessoas seguindo as mesmas regras de imparcialidade e justiça também se aplica aos exames. Não devemos ter preconceitos que interferem na nossa rotina de trabalho. Não é raro o radiologista considerar determinados exames mais difíceis ou “nobres”, e nesses casos conversar com o paciente, ler pedido e questionário, checar se tem exames anteriores e analisar a indicação e o exame com mais atenção. E esse mesmo radiologista, ao mesmo tempo, considera outros exames “simples” sem ter qualquer embasamento que confirme essa premissa, além do “é o que todos dizem”, opinião muitas vezes adquirida pela falta de conhecimento sobre o assunto, e com isso não segue as mesmas etapas que seguiu no exame que ele classificou como “complexo”.
Liderança – não está necessariamente relacionada a cargos de chefia, mas em estimular um grupo a fazer o melhor. Isso muitas vezes é obtido com o exemplo: ao trabalharmos de maneira correta, termos iniciativa e buscarmos melhorias inspiramos ou outros a fazer o mesmo, evitando que a acomodação e desânimo dominem o grupo.
Existem diversas características associadas à liderança que todos podem empregar no dia a dia:
Capacidade de influência – podemos influenciar os outros (positiva ou negativamente) com nossas atitudes e discurso, por isso sempre devemos nos questionar se estamos sendo um exemplo que incentiva bom comportamento.
Inciativa – é importante se antecipar aos eventos e agir antes que o dano seja irreparável ou mais difícil de corrigir, o que está diretamente ligado a ter visão do todo e não ficar focado apenas na sua tarefa.
Disposição para ajudar e ouvir – é fundamental saber que fazemos parte de um grupo que nos apoia e escuta. Para isso, a consciência de que a pessoa que hoje precisa de ajuda amanhã pode ser você é tão importante como saber poupar as outros evitando sobrecargas desnecessárias aos colegas mais solícitos.
Ser multitarefas – fazer muitas coisas sem perder o foco é uma habilidade que devemos desenvolver. Isso é muito importante quando estamos no papel de orientar os exames: é possível saber quando conversar com o paciente, orientar os exames e saber quais devemos acompanhar mais de perto, ligar para o médico assistente quando necessário e ainda assim produzir, evitando a crença limitante de que só é possível fazer uma coisa ou outra.
Termos alto senso de humanidade e justiça é o pilar de uma sociedade boa para todos, pois é impraticável um grupo funcionar bem baseado apenas em controles externos. Como dizia o Dalai Lama, “O maior juiz de seus atos deve ser você mesmo e não a sociedade”.
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