A visão perfeccionista do mundo nos fez acreditar que onde existe erro não existe acerto (e vice-versa). Ninguém gosta de ter seus erros ressaltados – muito pelo contrário, a sociedade é orientada a esconder as falhas e exibir o sucesso.
Só que, paradoxalmente, o sucesso costuma vir depois de uma sucessão de fracassos.
O pesquisador e professor de Harvard, Shawn Achor, desenvolveu um estudo sobre os efeitos dos erros no aprendizado e rendimento das pessoas. Os resultados indicaram que, quando erramos, temos a oportunidade de aprender com nossas falhas e, assim, podemos evitar erros futuros.
Por isso, aprender a enxergar os erros de maneira positiva é o primeiro passo para entender porque eles ocorrem e conseguir evitá-los de uma forma bem mais efetiva. Se, ao nos depararmos com um erro, focarmos no que podemos aprender a partir daquilo, ao longo do tempo nos tornaremos cada vez mais sábios e com muito mais chances de sucesso.
Basta vermos, por exemplo, a história de Thomas Edison (1847-1931), o criador da lâmpada. Durante muito tempo diversos cientistas haviam tentado viabilizar a lâmpada elétrica, mas esbarravam no desafio de conseguir encontrar um filamento que não queimasse ao passar eletricidade. Não bastava apenas criar uma lâmpada que acendesse, mas sim uma que permanecesse acesa.
Thomas Edison finalmente conseguiu uma lâmpada que se manteve acesa por 48 horas quando utilizou um filamento fino de carvão a alto vácuo. O que poucos sabem é que, antes disso, ele já havia testado cerca de 6.000 materiais diferentes, além de ter realizado 1.200 testes. Depois dos primeiros 700 testes infrutíferos realizados durante anos, um dos seus auxiliares, desanimado com tantos fracassos, sugeriu a Edison que desistisse de futuras tentativas, ao que ele respondeu que não foram 700 fracassos, mas sim a descoberta de 700 formas que não dão certo de fazer uma lâmpada. Em sua visão, houve avanço, já que agora, segundo suas palavras “estamos para além de 700 ilusões que mantínhamos anos atrás e que hoje não nos iludem mais. E a isso você chama perda de tempo?”.
Existem duas lições importantes que podemos tirar a partir daí, uma mais óbvia e outra que não se discute muito, mas é igualmente relevante:
1 – Lidar com os erros (seus e dos outros) de forma positiva
Dependendo do perfil de cada pessoa, pode existir resistência em assumir ou querer se confrontar com os próprios erros, não querer ser aquele que aponta erros alheios ou ambos. Sendo que, uma situação acaba retroalimentando a outra.
Pessoas muito perfeccionistas e que se cobram uma perfeição inatingível tendem a ficar arrasadas quando descobrem que erraram. E, como ficam mal com isso, acabam não querendo infligir a outra pessoa o mesmo desconforto que ela está sentindo. Então, ao se depararem com erros alheios, acabam omitindo o fato da pessoa que errou, para "poupa-la". Ou então, não se acham em posição de comentar, com medo de parecerem arrogantes. Só que essa atitude perpetua a ilusão de que os erros não estão ocorrendo, o que inviabilizada a evolução.
Thomas Edison só se tornou um dos maiores inventores da história porque não se abalou com seus erros e seguiu em frente de forma positiva, com a consciência de que descobrir o que está errado é o que nos faz chegar ao que dá certo.
2 – Falar abertamente sobre os erros e divulgá-los
Perdemos constantemente oportunidades de evoluir em decorrência do tabu que é falar sobre os erros e fracassos.
Usando o exemplo da criação da lâmpada: se um pesquisador testou 100 materiais e nenhum deu certo, ao divulgar sua experiência ele vai evitar que outros pesquisadores testem 100 materiais de uma forma que comprovadamente não funciona, perdendo tempo e recursos que poderiam ser utilizados para testar outros 100 materiais diferentes, avançando nas descobertas. Se, ao descobrirmos que uma frase de laudo é problemática ou um conceito está equivocado, se formos condescendentes evitando comentar sobre essas situações, sem discutir as potenciais implicações, os mesmos problemas vão continuar se disseminando e ocorrendo repetidamente. Ou seja, não propagar que uma coisa está errada faz com que seja cada vez mais difícil evitar que esse erro deixe de ocorrer com o passar do tempo.
"A experiência é o nome que damos aos nossos erros".
Oscar Wilde
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